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ESTIAGEM
ESTIAGEM

Límpida relva num estado de submetida transitória estação vem entre folhas secas sem nenhum ornamento da grama também extinta, seca... servindo apenas de apoio aos pequeninos galhos em que através de qualquer toque se revestem de quebradiças ao amontôo de entulhos.
Tudo sem verdes, orvalhos, regantes ao verdejante campestre, sem umidade formam ao redor de cupins a não produtividade de um solo seco. Desiludidas descobertas nas profundezas de um subsolo de águas aos canais de bolsas d’águas que infelizmente não se explodem em jatos ao externo de toda secagem.
Raízes querendo infiltrar como base da sua espécie em solo seco, endurecido, agreste. Qualquer desses seres vivos não parecidos antes vegetais, no sombrio do encanto, a todo recanto da natureza, subindo e descendo colinas, morros com ventos uivantes, esperançosos por frondosas árvores entre macios e transformados colchões verdes.
Tudo morto, ainda não extinto, porque nas mesmas, outrora seivas liquefeitas na fotossíntese, esbelta do radiante vegetal!
Mutações... mutações são critérios do que se expõe, convida mesmo com o arder do sol, chama cadente secando pastagens, águas fluviais, pequeninos riachos, córregos no silêncio do caminho, preguiçosos, sugados pelo seco barranco, desiludidos e não possuídos de afluentes que foram um dia.
Uma folha cai, outra espera o seu dia para beijar o solo árido, fervente, empoeirado e desprovido de fertilidade à germinação, mera transformação sem nenhuma procriação.
Aves canoras se escondem entre fartos galhinhos secos, porque perderam no encanto do verde, entre a majestade da natureza suas cordas sonoras de cantos, eles somente assobios em vôos rasos, penas entre poeiras no arder de um sol escaldante; almejantes de um cair de tarde para no sopro da noite sentir também raios sem o ar em movimento, sem vento, deixando também desbotados os belos prateados das estrelas.
Tudo seco... tudo triste... uma sede de buscas, uma sondagem; esperançosas chuvas apagando um natural quase em chama. Em tudo isso o caminhante do caminho, estrada infinita, não vê rios, somente mares no ardente do sódio, sal triste, do seu viver. Ele lembra das fragrâncias do perfume da sua vida, essência de um bem viver ao acalanto dos seus sonhos, desejoso raiar de um novo dia exalado de ar puro das colinas até do leito ao frescor... daquilo que o fez um desprezado solitário, personagem de um mundo entre cinzas, restos de uma vida para a extinção de tudo que preservava no pretérito para que o futuro que é o seu hoje ser chamado e conduzido pela ESTIAGEM.
De repente, mais uma folha sem nenhum vento desprende do seu seco galho, tristemente repousando bem no peito do mesmo solitário CAMINHANTE e desfalecido na ESTIAGEM DA CHEGADA DE SUA BOA HORA!
Lá, num distante horizonte... chamado de esperança... uma folha verde, como renascer de uma nova vida desponta no SONO ETERNO do CAMINHANTE repousando na sua própria estiagem.
 
 


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Autor do texto:
Rodolfo Anonio de Gaspari